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19-12-2024

Brasil sedia o Primeiro Encontro Iberoamericano de Turismo de Base Comunitária, Cultura Viva e Patrimonio Rural

Werter Valentim de Moraes | UFOP

De 5 a 8 de dezembro de 2024, realizou-se o I Encontro Iberoamericano de Turismo Comunitário, Cultura Viva e Património Rural. Um evento organizado por diferentes organizações comunitárias com o apoio da administração pública no norte de Santo Domingo do Norte, um lugar conhecido como Tapera Real.


Crédito Fotografía: Werter Valentim de Moraes.

A Política Nacional de Cultura Viva no Brasil, é uma política pública do Ministério da Cultura que tem como objetivo promover a cultura brasileira e garantir o exercício dos direitos culturais dos cidadãos, tendo como base os Pontos de Cultura, que são entidades ou coletivos certificados pelo governo federal. Cada Ponto de Cultura desenvolve suas atividades de acordo com suas necessidades e planos de trabalho, podendo ser bibliotecas comunitárias, pontos de memórias, pontos de exibição cineclubistas, museus, entre outros espaços físicos coletivos que promovam a inclusão social combatendo o preconceito e a discriminação, valorizam a diversidade cultural, garantam o exercício dos direitos culturais estimulando o protagonismo social na elaboração e gestão das políticas públicas da cultura de forma compartilhada e participativa como direito de cidadania.

Mais pormenores sobre o encontro

O evento aconteceu entre os dias 05 e 08 de dezembro de 2024 no distrito de Santo Antonio do Norte, conhecido como Tapera Real.  Os anfitriões deste I Encontro Iberoamericano de Turismo de base Comunitária, Cultura Viva e Patrimônio Rural, proporcionaram uma gama de vivências gastronomicas das quitandas produzidas artesanalmente pelas mulheres locais, além das Escolas fazerem apresentações artísticas durante todo o evento. Tapera Real, é um destino turístico da Estrada Real. Essa rota era usada pela realeza portuguesa para transportar ouro e diamantes de Minas Gerais até o litoral do Estado do Rio de Janeiro, de onde iam para Portugal, no século XVIII.

A Estrada Real tem 1.630 km de extensão e cruza os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Ela é composta pelo Caminho Velho, que parte de Ouro Preto – Minas Gerais e vai até Paraty – Rio de Janeiro, sendo um dos principais corredores turísticos do Brasil, atraindo mais de 2,5 milhões de turistas por ano para Minas Gerais.

Com o apoio institucional do Governo do Estado de Minas Gerais por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, do Governo Federal por meio do Ministério da Cultura com a FUNARTE – Fundação Nacional da Arte em sua Lei Paulo Gustavo e o Programa Cultura Viva que completa 20 anos em 2024. Sob o patrocínio essencial da Prefeitura Municipal de Conceição do Mato Dentro no Estado de Minas Gerais, que, com os fundamentais parceiros  como o Instituto Imagem, o Ecomuseu e Biblioteca Rural, e o Instituto Rosa e Sertão, juntamente com a Associação Comunitária Taperense Caminho da Liberdade e o Ponto de Cultura Tapera Real, configurando uma união de coletivos que interagem como uma indústria criativa, aplicando economias solidarias, atividades de educação social, cultura, arte, meio ambiente e todo tipo de iniciativa de  valorização da vida, operacionalizaram esse Encontro.

Imagem de Werter Valentim de Moraes.

No Encontro, estiveram cerca de 80 pessoas entre elas, povos e comunidades tradicionais envolvidas com o turismo de base comunitária e cultura viva em regiões com patrimonio rural dos países do Chile, Paraguai, Argentina e Uruguai. Do Brasil, estiveram presentes representantres do Acre, Rondônia, Amazonas, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Espirito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná, Santa Catarina, e, Rio Grande do Sul, totalizando 16 Estados brasileiros.

A programação do Evento foi realizada com diversas rodas de conversas quando se deu a oportunidade aos Pontos de Culturas, Bibliotecas Municipais, Pontos de Memórias, entre outros Espaços Culturais inseridos no Programa Cultura Viva manifestarem suas ações relacionadas á soberania e dignidade de seus territórios na busca assertiva para a construção de uma Política Pública do Bem Viver.

Zoom sobre algumas das iniciativas

No Encontro estiveram alguns jovens indígenas, quilombolas, caiçaras, vazanteiros e assentados da reforma agrária selecionados pelo Bolsa Agentes Cultura Viva, proporcionando a esses agentes conhecer novas práticas para fortalecer suas perspectivas sobre o papel da cultura em seus territórios e desenvolver habilidades importantes para suas atuações locais.

No Encontro Iberoamericano, as trocas de saberes se fizeram presentes, na fala do representante do Quilombo Volta Míudada Bahia, denunciando práticas degradantes realizadas pelas empresas SUZANO, VERACEL, dentre outras, em terras públicas e devolutas patrimônio do povo baiano para o avanço da monocultura violando os direitos dos quilombolas na Bahia.

A presença do representante da Biblioteca Comunitária de Paiaiá, em Nova Soure, no agreste da bahia, reconhecida como a maior biblioteca comunitária rural do mundo com mais de 130 mil acervos. Na comunidade é realizada anualmente a FLIPA – Festival Literário de Paiaiá, que chamou a atenção da National Geografic em 2022.

Emília de La Iglesia, uma das fundadores da Cooperativa “La Comunitaria”, localizada nas Vilas de Rivadavia (Buenos Aires) e La Pampa. Membro da Rede Nacional de Teatro Comunitário e representante argentina no Conselho Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária apresentou o panorama das Cultura Viva Comunitária da Argentina.

O Centro de Pesquisas Históricas e Cultura Populardo Mestre Carlos, desenvolve um trabalho de turismo comunitário científico ao receber pesquisadores da cultura agreste e sertaneja. O Mestre tem em sua trajetória a criação de cenários rurais da vida cotidiana do vaqueiro nordestino. Sua presença no Encontro foi fundamental para demonstrar a importancia da nossa ancestral.

Imagem de Werter Valentim de Moraes.

O Ecomuseu Rural de Bom Jardim, com grande maestria, coordenou os trabalhos das trocas de saberes durante todo o Encontro. Sua trajetória no cenário da cultura viva brasileira, é fazer pontes para a construção de políticas públicas com engajamento local rural.

A presença da Carpediem Viagens de Experiência e Governança de Destinos Comunitários, estabeleceu diálogos nesse I Encontro Iberoamericano para que a representatividade destas culturas e memórias rurais possam ser visitadas. Neste sentido, a Carpediem desenvolve roteiros personalizados para uma vivência cultural em destinos com Patrimonios Rurais e Cultura Viva.